Luciano Takaki | 2021
Judas Iscariotes já tinha a sua intenção de trair Nosso Senhor Jesus Cristo e já tinha objetivamente traído em troca de suas trinta moedas de prata acertando isso com os judeus. Mas ainda é necessário um ato que mostre a consolidação dessa traição, ainda é necessário um gesto. O gesto que consolidou a sua traição foi o seu beijo no rosto de Nosso Senhor Jesus Cristo o saudando: “Salve, Rabi!” (Mt. XXVI, 49).
De igual maneira, os padres conciliares e a hierarquia consolidou a traição com gesto semelhante com a aprovação da Declaração sobre Liberdade Religiosa Dignitatis Humanae. Todo o Conciliábulo do Vaticano, dito Concílio Vaticano II, foi o novo Sinédrio, que condenou a Igreja Católica tal como Sinédrio condenou Cristo. Os fautores do Conciliábulo já tinham feito o seu acordo com os inimigos da Igreja, com a maçonaria e o judaísmo talmúdico, eles já tinham recebido as suas trinta moedas. Esses traidores já tinham a intenção de usar aquela antiga estrutura da Igreja Católica como a estrutura de uma nova religião. A Religião Católica depois do Conciliábulo foi substituída formalmente por uma religião noachida e a hierarquia agora compunham uma agência a serviço do mundialismo. A Igreja Católica agora se reduziria a dimensões domésticas. Vários documentos inaceitáveis já tinham sido assinados, mas a Declaração Dignitatis Humanae foi a sentença condenatória definitiva que faltava para deixar inequívoca a condenação da Igreja Católica, essa declaração foi o grito que os judeus deram no dia da Paixão: “Não queremos que Ele reine sobre nós” (Lc. XIX, 14). Ali, o bispos imitaram os sacerdotes judeus que gritaram: “Não temos outro rei senão César” (Jo. XIX, 15).
Para provar a acusação que dou acima, exponho todo o texto do número 4, da Declaração sobre a Liberdade Religiosa Dignitatis Humanae:
A liberdade ou imunidade de coacção em matéria religiosa, que compete às pessoas tomadas individualmente, também lhes deve ser reconhecida quando actuam em conjunto. Com efeito, as comunidades religiosas são exigidas pela natureza social tanto do homem como da própria religião.
Por conseguinte, desde que não se violem as justas exigências da ordem pública, deve-se em justiça a tais comunidades a imunidade que lhes permita regerem-se segundo as suas próprias normas, prestarem culto público ao Ser supremo, ajudarem os seus membros no exercício da vida religiosa e sustentarem-nos com o ensino e promoverem, enfim, instituições em que os membros cooperem na orientação da própria vida segundo os seus princípios religiosos.
Também compete às comunidades religiosas o direito de não serem impedidas por meios legais ou pela acção administrativa do poder civil, de escolher, formar, nomear e transferir os próprios ministros, de comunicar com as autoridades e comunidades religiosas de outras partes da terra, de construir edifícios religiosos e de adquirir e usar os bens convenientes.
Os grupos religiosos têm ainda o direito de não serem impedidos de ensinar e testemunhar publicamente, por palavra e por escrito a sua fé. Porém, na difusão da fé religiosa e na introdução de novas práticas, deve sempre evitar-se todo o modo de agir que tenha visos de coacção, persuasão desonesta ou simplesmente menos leal, sobretudo quando se trata de gente rude ou sem recursos. Tal modo de agir deve ser considerado como um abuso do próprio direito e lesão do direito alheio.
Também pertence à liberdade religiosa que os diferentes grupos religiosos não sejam impedidos de dar a conhecer livremente a eficácia especial da própria doutrina para ordenar a sociedade e vivificar toda a actividade humana. Finalmente, na natureza social do homem e na própria índole da religião se funda o direito que os homens têm de, levados pelas suas convicções religiosas, se reunirem livremente ou estabelecerem associações educativas, culturais, caritativas e sociais. [grifos meus]
A traição é evidente. Dignitatis Humanae, como se vê, se opõe quase que palavra por palavra à Carta Encíclica Quanta Cura, do Santo Padre Pio IX. Leiamo-na:
E com esta ideia do governo social, absolutamente falsa, não hesitam em consagrar aquela opinião errônea, em extremo perniciosa à Igreja Católica e à saúde das almas, chamada por Gregório XVI, Nosso Predecessor de feliz memória, delírio (Mirari Vos), isto é, que “a liberdade de consciências e de cultos é um direito próprio de cada homem, que todo Estado bem constituído deve proclamar e garantir como lei fundamental, e que os cidadãos têm direito à plena liberdade de manifestar suas ideias com a máxima publicidade – seja de palavra, seja por escrito, seja de outro modo qualquer, sem que autoridade civil nem eclesiástica alguma possam reprimir em nenhuma forma liberdade tão funesta”. Ao sustentar afirmação tão temerária, não pensam nem consideram que com isso pregam a “liberdade de perdição” (S. Agost., Ep. 105, al. 166), e que, “se se permite sempre a livre manifestação das opiniões humanas, nunca faltarão homens, que se atrevam a resistir à verdade, e colocar a sua confiança na loquacidade da sabedoria humana; vaidade em extremo prejudicial, e que a fé e a sabedoria cristã devem evitar cuidadosamente, segundo determinou o mesmo Cristo Nosso Senhor” (S. Leão Magno, Ep. 14, a. 133). [grifos meus]
Também se opõe totalmente à Carta Encíclica Immortale Dei, de Sua Santidade Leão XIII:
Assim, também, a liberdade de pensar e publicar os próprios pensamentos, subtraída a toda regra, não é por si um bem de que a sociedade tenha que se felicitar; mas é antes a fonte e a origem de muitos males. A liberdade, esse elemento de perfeição para o homem, deve aplicar-se ao que é verdadeiro e ao que é bom. Ora, a essência do bem e da verdade não pode mudar ao sabor do homem, mas persiste sempre a mesma, e, não menos do que a natureza das coisas, é imutável. Se a inteligência adere as opiniões falsas, se a vontade escolhe o mal e a ele se apega, nem uma nem outra atinge a sua perfeição, ambas decaem da sua dignidade nativa e se corrompem. Não é, pois, permitido dar a lume e expor aos olhos dos homens o que é contrário à virtude e à verdade, e muito menos ainda colocar essa licença sob a tutela e a proteção das leis. Não há senão um caminho para chegar ao céu, para o qual todos nós tendemos: é uma boa vida. O Estado afasta-se, pois, das regras e prescrições da natureza se favorece a licença das opiniões e das ações culposas ao ponto de se poderem impunemente desviar os espíritos da verdade e as almas da virtude.
Quanto à Igreja, que o próprio Deus estabeleceu, excluí-la da vida pública, das leis, da educação da juventude, da sociedade doméstica, é um grande e pernicioso erro. Uma sociedade sem religião não pode ser bem regulada; e, mais talvez do que fora mister, já se vê o que vale em si e em suas conseqüências essa pretensa moral civil. [grifos meus]
Uma encíclica complementa com máxima perfeição a outra. A liberdade prescrita pela Dignitatis Humanae é o grito de Lúcifer: “não servirei!”, “non serviam!”. Uma vez que se prescreve a liberdade para que as falsas religiões possam não apenas prestar culto público ao “Ser Supremo” (?!), mas ainda de professar publicamente a sua fé e ensiná-la por palavra e por escrito (perceba a oposição calculada à Quanta Cura), se promove uma religião que manda almas para o inferno. Uma vez que apenas a Religião Católica nos conduz à salvação e que qualquer outra religião é antes um obstáculo – e não meio de salvação como diz a Unitatis Redintegratio –, aumentar a liberdade dessas falsas religiões é necessariamente diminuir a liberdade da verdadeira Religião. A consequência disso são as concordatas apóstatas feitas pela Santa Sé com países antes católicos. No livro Pedro, tu me amas?, do Daniel Leroux, autor lefebvrista, mas cujo livro tem seus méritos, lemos vários exemplos, mas destacarei apenas um: a concordata com o governo italiano de 1984 (cf; JOÃO PAULO II E A LIBERDADE RELIGIOSA). Na nova concordata lemos:
A República Italiana e a Santa Sé reafirmando que o Estado e a Igreja são, cada um dentro de sua respectiva ordem, independentes e soberanos, comprometem-se ao pleno respeito a esse princípio em suas relações e a colaboração recíproca para a promoção do homem e o bem do país.
Na alocução do Angelus de 19 de fevereiro de 1984, João Paulo II proferiu o seguinte:
Eu gostaria de evocar, como um acontecimento de amplitude histórica, a assinatura do acordo de revisão da Concordata de Latrão que se deu ontem. É um acordo que Paulo VI previu e favoreceu como um sinal de nova concórdia entre a Igreja e o Estado Italiano, e que considero ter uma importância significativa tanto como base jurídica das relações bilaterais pacificas, como inspiração ideal para a contribuição generosa e criadora que a comunidade eclesial é chamada a dar ao bem moral e ao progresso civil da nação.
Ainda em 1984, iniciou-se a construção da primeira mesquita em Roma, que Francisco iria visitar depois em 2016. Aqui confirma-se o que representa o Concílio Vaticano II, o Conciliábulo: uma traição contra a Igreja. Paulo VI afirmou no discurso de encerramento do Concílio:
O humanismo laico e profano apareceu, finalmente, em toda a sua terrível estatura, e por assim dizer desafiou o Concílio para a luta. A religião, que é o culto de Deus que quis ser homem, e a religião — porque o é — que é o culto do homem que quer ser Deus, encontraram-se. Que aconteceu? Combate, luta, anátema? Tudo isto poderia ter-se dado, mas de facto não se deu. Aquela antiga história do bom samaritano foi exemplo e norma segundo os quais se orientou o nosso Concílio. Com efeito, um imenso amor para com os homens penetrou totalmente o Concílio. A descoberta e a consideração renovada das necessidades humanas — que são tanto mais molestas quanto mais se levanta o filho desta terra — absorveram toda a atenção deste Concílio. Vós, humanistas do nosso tempo, que negais as verdades transcendentes, dai ao Concílio ao menos este louvor e reconhecei este nosso humanismo novo: também nós — e nós mais do que ninguém somos cultores do homem.
Paulo VI praticamente implora o clamor do mundo e reconhece que não existe nenhuma inimizade mais entre a Religião verdadeira e a religião luciferina. O mesmo reclamante ao Papado ainda disse em 4 de setembro de 1965, na ONU:
Vós tendes, senhores, realizado, e vós realizareis uma grande obra: ensinais a paz aos homens. A ONU é a grande escola onde se recebe esta educação, e nós estamos aqui na Aula Magna desta escola. Quem quer que aqui tome lugar torna-se aluno e torna-se mestre na arte de construir a paz. E quando sairdes desta sala, o mundo olha para vós como para os arquitectos, os construtores da paz.
A meta não é mais guardar o depósito da fé, ensinar a Doutrina, santificar os membros da Igreja. A meta é buscar a paz, cooperar com esse órgão satânico que promove tudo o que é oposto à nossa Religião. Junte essa impiedade com a Dignitatis Humanae e verá que os mesmos que redigiram e aprovaram tal documento e promovem seus ideais são os mesmos que ocupam toda a estrutura que antes eram da Igreja e hoje trabalham para destrui-la.
Ainda é preciso apresentar alguma prova de que essa gente, essa máfia modernista, quer a nossa destruição e não a maior glória de Deus?