Luciano Takaki | 2021-2022
NOTA ADICIONAL: esse artigo foi escrito antes de me tornar sedevacantista por conta da publicação do motu proprio Traditionis Custodes. Fiz algumas adaptações e correções.
No dia 16 de julho de 2021, Francisco publicou o documento motu proprio Traditionis Custodes, no qual regula de forma mais restritiva a Missa segundo a forma do Rito Romano codificado durante o Concílio de Trento, no qual chamamos mais como Missa Tridentina nos ambientes modernistas. O documento mostra bem as intenções do alto clero romano pós-conciliar: destruir a Sagrada Tradição cooperando com a apostasia generalizada mais do que a visível atualmente. O ódio a tudo que é tradicional no ímpio documento é aqui mais do que explícito.
Francisco, dessa forma, sem jamais ter rezado uma, mostra o seu explícito ódio à Missa Tridentina, que vinha desde os falsos pontífices conciliares, com uma clareza inédita. Isso era sutilmente mostrado no Summorum Pontificum de Bento XVI. Quando o alemão chama o Rito Tridentino de “rito romano na forma extraordinária” e o novus ordo de “rito na forma ordinária”, ele coloca o primeiro abaixo do segundo, pois se o novus ordo é a forma ordinária, é a forma que deve ser mais comum e a outra seria usada em ocasiões mais especiais, isto é, com menor frequência. Se o Rito Tridentino é rezado com menor frequência, e se é tratado como mera preferência, temos um problema: o problema do novus ordo seriam mais os abusos, não por ser um rito que simplesmente não expressa a fé católica e o rito que realmente expressa a fé católica seria opcional ou, na melhor das hipóteses, meramente preferencial para algumas congregações que agora correm o seríssimo risco de serem dissolvidas.
Todavia, o Traditionis Custodes vai muito mais longe que o Summorum Pontificum e a ab-roga. Com efeito, diz Bergoglio que se entristeceu com o “uso instrumental do Missal Romano de 1962 não só contra a reforma litúrgica como também o próprio Concílio Vaticano II”. Muitos portais modernistas pareceram querer usar esse trecho da carta de apresentação do Traditionis Custodes para provar que os tradicionalistas são culpados pelas restrições que Francisco impôs. Mas tal acusação não procede. O Rito Tridentino (e cabe dizer aqui que o Missal Romano de 1962 ainda nem é a expressão máxima da liturgia, pois a gangue modernista já tinham destruído parcialmente a liturgia) em verdade não combina com a Religião Conciliar, isso deve ser deixado bem claro. A razão da restrição na verdade, e devemos reconhecer que Francisco está sim sendo muito coerente aqui, é que o Rito Romano deve ser mais destinado a quem realmente é católico e defende a Missa de Sempre, que é melhor expressa no Rito Tridentino, e o novus ordo deve ser destinado somente a quem está comprometido com a Religião Conciliar porque esse rito foi fabricado para uma religião fabricada durante o Concílio Vaticano II. Simples assim. Isso está mais do bem expresso no artigo primeiro da Traditionis Custodes: “Os livros litúrgicos promulgados pelos santos Pontífices [sic] Paulo VI e João Paulo II, em conformidade com os decretos do Concílio Vaticano II, são a única expressão da lex orandi do Rito Romano”. Ou seja, a única expressão da lex orandi do Rito Romano (nesse caso, o rito da Roma ocupada pelo modernismo) é o novus ordo. O adágio que diz que a lei da da fé deve ser a lei da oração (lex orandi lex credendi) vale aqui: o Rito Tridentino expressa tanto a fé da Religião Conciliar quanto o rito novus ordo expressa a fé da Religião Católica, isto é, não expressa da forma adequada ou praticamente nada.
As consequências esperadas por esse documento não devem ser tão diferentes da situação atual, pois o que foi proposto pelo Summorum Pontificum não foi posto na prática na maioria das dioceses. O que não constituiu em necessariamente uma desobediência a Bento XVI, porque se realmente fosse, o falso papa teria punido os bispos que impediram os padres zelosos de rezar a Missa de Sempre, mesmo arguindo ingenuamente com esse documento, sem saber que se trata na verdade de uma armadilha. Os grupos que, com a aparente ajuda desse documento, conseguiram rezar com o Missal Romano de 1962 (e em alguns casos até mesmo com o de 1955), viveram sob constante vigilância, que deverá aumentar mais ainda e se isso não custar a própria dissolução dos grupos. Portanto, grupos acordistas (aqueles que se dizem tradicionais, mas que buscam acordo com os modernistas para rezar o Rito Tridentino e manter a “comunhão” com eles) como o Instituto Bom Pastor, Instituto Cristo Rei, Fraternidade Sacerdotal São Pedro etc, deverão ficar preocupados desde já. O artigo 3 do Traditionis Custodes, que se divide em seis itens mostra a vigilância quase orwelliana imposta por Francisco com relação a esses grupos, proibindo a celebração do Rito Tridentino nas paróquias, a ereção de novas paróquias e a criação de novos grupos. E claro, serão todos vigiados para ver se não colocam em dúvida a validade ou legitimidade das reformas litúrgicas e do Concílio Vaticano II.
Os autênticos tradicionalistas que rejeitam o Magistério Conciliar sempre souberam a enrascada que foi o ab-rogado motu proprio Summorum Pontificum. Agora é a oportunidade de repensar se vai continuar valendo a pena. O que podemos esperar é se o documento vai ajudar a crescer o número de tradicionalistas resistentes ou, se Deus quiser, mesmo de sedevacantistas. Um passeio breve nos comentários e postagens em redes sociais percebi um início de crescimento do interesse no rito antigo, pois esse documento de alguma forma serviu de propaganda e alguns católicos começaram a manifestar sua resistência.
E assim devemos concluir que antes devemos ser gratos a Francisco por essa grande oportunidade de demonstrar o óbvio que muitos grupos, mesmo os que se dizem tradicionalistas, não entenderam: que Bento XVI estava errado no Summorum Pontificum ao dizer que existem duas formas de expressão do Rito Romano e que o Rito Tridentino não combina com a Religião Conciliar. O rito conciliar deve ser a expressão da fé da Religião Conciliar, que combina muito pelo seu dinamismo. O rito católico, o Rito Tridentino, deve ser a expressão da fé da Religião Católica. Esse rito formalmente imutável que combina com a imutável fé católica. Este rito que, na expressão de São Pio V, na bula Quo Primum Tempore, deve ser mantido como ele é para sempre e que todos os padres podem rezar sem nenhum peso na consciência sem ser coagido a fazer de forma diferente. Não serão os membros do clero dessa nova religião que farão isso. Como católicos temos o direito e o dever de assistir ao rito católico, assim como os padres católicos têm o direito e o dever de rezar o rito católico. Sabemos que rito é esse: aquele que não combina com a Religião Conciliar e que Francisco coerentemente está restringindo.
Poucos dias depois da publicação do documento, teve até algumas almas privadas de sensatez que chegaram à estultícia de dizer que o documento preservaria muitos católicos de se converter ao islã e ainda blefou dizendo que quem nega tal absurdo não entende o que se quer dizer com isso. De fato, absurdos não se entendem, afinal, um rito que, sob a inspiração do Espírito Santo, desenvolveu-se ao longos dos séculos expressando a fé católica de sempre, não pode inspirar um católico autêntico a se converter a uma religião demoníaca como é o islã.
Mas deixemos absurdos de lado e foquemos naquilo que podemos racionalmente perceber e concluir. E uma das coisas que percebemos com a ajuda da razão natural é ainda a obscuridade do que realmente motivou o Francisco a restringir a Missa de Sempre. Não parece ser (e convenhamos que não tem como ser) o suposto “uso distorcido” do Missale Romanum de 1962 para ir contra a validade e a legitimidade do Concílio Vaticano II e a consequente revolução litúrgica conduzida por Bugnini e consolidada por Paulo VI. Há outras razões que ainda não estão claras.
No dia 19 de julho, três dias após a publicação do motu proprio, foi postado no site de notícias The Times of Israel, um breve texto com o seguinte título: “Papa [sic] Francisco restringe Missa Latina que chama para a conversão de judeus” (original: “Pope Francis restricts Latin Mass thats calls for the comversion of the Jews”, tradução livre minha). Devemos aqui conectar vários fatos que confirmaram o seguinte fato: uma das razões da restrição da Missa Tridentina é o fato de ela desagradar os judeus e é sabido que Francisco, desde que era o Arcebispo de Buenos Aires e Cardeal Bergoglio sempre foi amigos de judeus. Uma das provas disso é a sua proximidade com o rabino Abraham Skorka e em 2012, ainda cardeal, Francisco celebrou o Hanukkah junto com os judeus de Buenos Aires.
Francisco também não parece crer na necessidade dos judeus se converterem como lemos no seguinte trecho: “Como cristãos, não podemos considerar o Judaísmo como uma religião alheia, nem incluímos os judeus entre quantos são chamados a deixar os ídolos para se converter ao verdadeiro Deus (cf. 1 Ts 1, 9). Juntamente com eles, acreditamos no único Deus que actua na história, e acolhemos, com eles, a Palavra revelada comum” (Evangelii Gaudium, 247). Isso é uma evidente ruptura com o que a Igreja ensina sobre a doutrina judaica, pois os judeus obstinados no erro são contados entre os réprobos segundo o Concílio de Florença, como se lê na bula Cantate Domino do Papa Eugênio IV (D.-H. 1351).
Mas voltemos ao ponto: por que Francisco quer restringir a Santa Missa? Leiamos o que se reza na Sexta-feira Santa segundo o Rito Romano: “Oremos, também pelos pérfidos judeus, a fim de que o Senhor nosso Deus tire o véu que cobre os seus corações, e que também reconheçam nosso Senhor Jesus Cristo” (Orémus et pro pérfidis Judǽis: ut Deus et Dóminus noster áuferat velámen de córdibus eórum; ut et ipsi agnóscant Jesum Christum, Dóminum nostrum). Já no novus ordo se reza: “Oremos pelos judeus, aos quais o Senhor Nosso Deus falou em primeiro lugar, a fim de que cresçam na fidelidade de sua aliança e no amor do seu nome”. A diferença é absolutamente gritante, pois além de não reconhecer a perfídia judaica, não há referência para a conversão à Religião Verdadeira, apenas uma vaga intenção de um “maior amor a Deus” que não tem como saber o que realmente isso significa, pois, afinal, os judeus passarão a amar mais a Deus se se tornarem protestantes ou cismático oriental? Difícil dizer, mas se seguirmos a Francisco que diz que “[c]omo crentes, sentimo-nos próximo também de todos aqueles que, não se reconhecendo parte de qualquer tradição religiosa, buscam sinceramente a verdade, a bondade e a beleza, que, para nós, têm a sua máxima expressão e a sua fonte em Deus” (Evangelii Gaudium, 257), parece que a conversão não é o objetivo. Bergoglio inda continua: “Sentimo-los como preciosos aliados no compromisso pela defesa da dignidade humana, na construção duma convivência pacífica entre os povos e na guarda da criação”. Quem procurar alguma referência à necessidade de conversão para se salvar, fica frustrado.
Sabemos até aqui que o Rito Romano é necessariamente anti-judaico na liturgia de Sexta-feira Santa, mas isso se estende também no ordinário da Missa. Vejamos o que se reza no ofertório: “Recebei, santo Pai, onipotente e eterno Deus, esta hóstia imaculada, que eu, vosso indigno servo, vos ofereço, ó meu Deus, vivo e verdadeiro, por meus inumeráveis pecados, ofensas e negligências, por todos os que circundam este altar, e por todos os fiéis, vivos e falecidos, a fim de que, a mim e a eles, este sacrifício aproveite para a salvação na vida eterna. Amém” (“Suscipe, sancte Pater, omnipotens aeterne Deus, hanc immaculatam hostiam, quam ego indignus famulus tuus tuus offero tibi, pro innumerabilibus peccatis, et offensionibus, et negligentiis, et pro omnibus circumstantibus, sed et pro omnibus fidelibus Christianis vivis atque defunctis: ut mihi, et illis proficat ad salutem in vitam aeternam. Amen”). Nessa belíssima oração, as palavras “esta hóstia imaculada” também significam “esta vítima imaculada”. Ainda que a consagração não tenha se realizado, a hóstia (a vítima), a matéria do pão, já é oferecida como consagrada.
No novus ordo se recita: “Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão que recebemos da vossa bondade, fruto da terra e do trabalho do homem, que hoje vos apresentamos e que para nós se vai tornar o Pão da vida”. Ora, lemos na Sagrada Escritura que “Caim ofereceu em oblação ao Senhor os frutos da terra” (Gn IV, 3). A semelhança com a oferta de Caim salta aos olhos, mas não é apenas isso que chama a atenção, pois esse ofertório tem origem judaica, bastando ver como se realiza o Kidush, rito ensinado pelo Talmude e praticado por certas seitas cabalistas (artigo sobre o tema AQUI).
A conclusão assim é a de que houve sim uma influência judaica na promulgação do motu proprio. O quão os judeus influenciaram, não temos como saber, mas parece evidente que isso segue a agenda do Concílio Vaticano II, como se lê em Nostra Aetate, 4. Os judeus, claro, seguem com sua agenda utilizando esse falso rito dessa falsa religião.
Salve Maria. Luciano não esqueça que uma das principais mentes por trás do dialogo com os judeus no falso concílio foi o “historiador” judeu Jules Isaac, que defendia a tese que a Igreja era a principal responsável pelo anti-semitismo no mundo e portanto diretamente culpada pelo holocausto…
Hoje a igreja conciliar se curva aos pés dos judeus, basta ver que quando qualquer coisa que remeta a conversão dos judeus e ao seu papel no deicídio de Nosso Senhor é dita, algum rabino chefe de Israel acaba ligando pro Vaticano pedindo esclarecimento…
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Salve Maria!
Caríssimo, não esqueci não. Um dos meus planos inclusive é aprofundar-me nesse espinhoso tema. Deus abençoe. Forte abraço.
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