Recentemente, foi publicado no site Aleteia um texto intitulado “Como aceitar a evolução ajudou-me a redescobrir Deus”. O texto, evidentemente, começa falacioso em seu título. A teoria da evolução causou gigantescos danos na sociedade seja na moral, seja na parte intelectual. A dita teoria da evolução também poderia ser chamada (mais adequadamente) de transformismo, pois uma transição de uma forma substancial para outra, o que é metafisicamente impossível. Conhecemos a árvore boa pelos seus frutos e os maus frutos resultantes do ensinamento da teoria da evolução mostram que a árvore é má e somente isso deveria ser o suficiente para considerá-la falsa, pois sendo Deus a Verdade e o Sumo Bem, aquilo que é verdadeiro deve ser necessariamente bom.
DARWINISMO É MAU PARA A MORAL
Há hoje um pensamento ímpio: se um bebê que ainda está no ventre previsivelmente atrapalhar a carreira da mãe, ele pode ser morto sem maiores danos e tal ato é até incentivado. Se algum idoso moribundo der muito trabalho, for um estorvo, uma despesa a mais nas contas familiares, ele deve ter sua morte apressada. Até mesmo a própria pessoa que julgar que sua vida será muito difícil doravante pode tirar sua própria vida. Em certos países, como a Suíça e a Holanda, esse direito existe, até mesmo a eutanásia.
Isso se dá por um motivo simples: o homem não é mais visto como uma criatura feita a imagem e semelhança de Deus. E por quê? Porque não somos mais do que um macaco mais evoluído. E isso começou com um infeliz chamado Charles Robert Darwin (1809-1882). Muitos falam do livro A Origem das Espécies (cujo título completo era A Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural, ou Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida, no original inglês: On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), mas não é esse o livro mais relevante para o nosso estudo. O livro mais relevante é A Descendência do Homem, ou A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo (The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex). As citações que usarei serão extraídos de dois livros do Dr. Benjamin Wiker que, apesar de ser um modernista conservador, o seu trabalho é utilíssimo para entender o pensamento de Darwin: 10 livros que estragaram o mundo – e outros cinco que não ajudaram em nada (Vide Editorial, 2015, desde já chamarei apenas de “10 livros…”) e Darwinismo Moral – como nos tornamos hedonistas (Paulus, 2011, desde já apenas “Darwinismo Moral”). Esses trabalhos e as citações do próprio Darwin ajudarão a entender por que Darwin foi o pior falso cientista da história. Inclusive, isso é importante saber: Darwin jamais foi cientista de fato, visto que a sua teoria jamais foi realmente confirmada segundo os próprios métodos científicos. A não ser claro em conjecturas fantasiosas. Alguém poderá dizer que Darwin ressalva certas declarações ou mesmo acusar que tirei do contexto. Todavia, os próprios darwinistas mostram que o pensamento de Darwin conduziu com o tempo às piores políticas e tiranias da história e está intimamente ligado à cultura da morte. Comecemos com o que o próprio Darwin escreve abaixo:
Entre os selvagens, os mais fracos física ou mentalmente são logo eliminados; e aqueles que sobrevivem geralmente são portadores de um estado vigoroso de saúde […]. Nós homens civilizados, por outro lado, fazemos o máximo que podemos para reprimir esse processo de eliminação; construímos asilos para os imbecis, os mutilados e os doentes; instituímos leis para beneficiar os pobres; e nossos médicos gastam suas habilidades mais extremas para salvar a vida de qualquer um, até o último instante. Há motivos para se crer que a vacinação salvou milhares daqueles que, por sua fraca constituição, a princípio teriam sido vencidos pela varíola. E eis que os membros mais fracos de uma civilização propagaram suas crias. Ninguém que já tenha se dedicado à criação de animais domésticos pode duvidar que isso é extremamente ofensivo à raça humana. É surpreendente o quão cedo a ausência de cuidados, ou o mau direcionamento dos cuidados, pode degenerar a raça de um animal doméstico; mas, exceto no caso da procriação da própria espécie, raramente um homem é tão ignorante ao ponto de permitir que seus piores animais se reproduzam (CHARLES DARWIN; The Descent of Men, and Selection in Relation to Sex, Princeton University Press, 1981, p. 168. Apud 10 livros…, pp. 88-89).
Isso não parece deixar nenhuma dúvida. Não é muito diferente do que diz Margaret Sanger:
Na história primitiva da raça, a chamada “lei natural” [isto é, seleção natural] reinava serena. Sob sua implacável e insensível regra de ferro, somente os mais fortes, mais corajosos viviam e se tornavam progenitores da raça. Os fracos morriam cedo ou eram aniquilados. Hoje, entretanto, a civilização trouxe simpatia, piedade, ternura e outros sentimentos sublimes e meritórios, que interferem com a lei da seleção natural. Estamos agora em um estado onde nossas caridades, nossos atos compensatórios, nossas pensões, hospitais e até nosso equipamento de esgotos e saneamento procuram todos manter vivos os doentios e os fracos, que têm permissão para multiplicar-se e, por sua vez, produzem uma raça de degenerados (Birth Control and Women’s Health. Birth Control Review 1, n. 12, 1917, 7. Apud Darwinismo Moral, p. 367).
A tese de que as espécies de certos animais que melhor se adaptam a certo ambiente produz esse tipo de pensamento. Tanto que os abortistas defendem o aborto em casos de certas doenças e más formações. Richard Dawkins, autor de livros como Deus, um delírio, disse que ter um bebê sabendo que nascerá com síndrome de Down seria imoral. Ele não enxerga o aborto como assassinato, inclusive disse que mesmo um feto com sistema nervoso pronto sofreria no processo do aborto “menos que uma vaca adulta no abatedouro” (God Delusion, 2007, Black Swan, p. 331). Vendo citações como essa, só posso concluir que abortistas são psicopatas.
Tal pensamento não vai demorar para ter como consequência também a devassidão generalizada. O darwinismo buscou (se não for eliminar) reduzir ao máximo a dependência de Deus e tirá-lo do nosso fim, do nosso objetivo máximo. Deus não mais cria os entes vivos pois agora as espécies são frutos de um mero acidente. É de se concluir que o homem é despojado de toda dignidade ontológica. Não apenas promove a cultura da morte, que seria razão mais que suficiente, como também a devassidão moral.
Quando o homem perde a sua dignidade ontológica, vê o outro como objeto, uma coisa que pode ser usada para seu bel-prazer. O indivíduo se vê como um deus e vê o outro como qualquer coisa.
DARWIN CONTRA A FÉ E A METAFÍSICA
A teoria da evolução é acima de tudo antimetafísica e, muito provavelmente contra a fé, visto que se vai contra a razão, provavelmente também vai contra a fé. Aqui vale lembrar que não me refiro a mudanças meramente acidentais, como, por exemplo, a coloração ou o tamanho dos indivíduos de determinada espécie, mas ao transformismo mesmo, isto é, a uma mudança de forma substancial onde a determinada forma de uma espécie se converte na geração seguinte em outra.
Para compreender bem a que me refiro, tomemos um exemplo: um peixe se converter em determinadas gerações num animal terrestre, ainda que seja um animal anfíbio. Seria possível um animal que respira o oxigênio da água por guelras pode depois se tornar um animal que respira o oxigênio do ar por pulmões? Ou como um animal que não tem olhos poderá ter depois?
Quem é católico e compreende o que são os acidentes, o que é substância e a essência, entenderá o que quero dizer. Quando a Sagrada Escritura ensina que Deus “descansou”, significa que Ele não criou nenhuma criatura nova depois disso. Nenhuma essência nova. Para darmos um exemplo: se existe a espécie cão, é porque existe uma essência do cão que o faz ser assim. Por numerosas e diferentes que sejam as raças caninas, todas compartilham da mesma essência e jamais nascerá delas outro animal com uma essência diferente. O mesmo podemos dizer de homens. Por mais que se miscigene, todos os indivíduos que nascerão serão da espécie humana, serão animais racionais sem nenhuma potência na alma a mais ou diversa dos outros indivíduos.
Assim também como nenhum animal terá a potência intelectiva. Assim como jamais veremos um peixe gerar indivíduos com pulmões, assim também jamais veremos qualquer macaco adquirir a potência intelectiva. Jamais existirá.
CONSEQUÊNCIAS DE CRER NA TEORIA DA EVOLUÇÃO
No infeliz artigo lemos os seguintes parágrafos onde também se cita Ratzinger:
Dr. Ramage cita as poderosas palavras de Ratzinger sobre o perigo neste estado de coisas. “Vivemos com sombras sobre as nossas janelas, por assim dizer, porque receamos que a nossa fé não possa suportar a luz plena e gritante dos fatos”, disse ele. Isto não é fé, mas “uma espécie de recusa de fé”.
Para Ratzinger, “acreditar verdadeiramente significa olhar toda a realidade de frente, sem medo e com o coração aberto, mesmo que vá contra a imagem de fé que, por qualquer razão, fazemos para nós próprios”.
Onde estão estes fatos? Não há absolutamente nenhuma evidência de que a teoria da evolução possa ser verdadeira. Os mesmos registros fósseis não nos dizem nada. O fato de antigamente ter existido animais acidentalmente diferentes dos de hoje por certos aspectos e semelhantes por outros em nada prova tal ancestralidade por parte de animais substancialmente diferentes. Isso deveria ser lógico, mas o pensamento mecanicista por parte de certos pensadores e gnóstico por outros, embruteceram de tal modo a inteligência do homem moderno que não conseguem observar um erro tão crasso.
Ratzinger (“Papa” Bento XVI, como autêntico modernista que é, assim como Wojtyla (“Papa” João Paulo II) considera a teoria da evolução um fato indubitável. Percebe-se que ele praticamente chama de herege quem nega a teoria da evolução por achar incompatível com a narrativa do Gênesis. O que foi exposto brevemente aqui me parece suficiente. Ademais, diz o Concílio do Vaticano:
Este único e verdadeiro Deus, por sua bondade e por sua “virtude onipotente”, não para adquirir nova felicidade ou para aumentá-la, mas a fim de manifestar a sua perfeição pelos bens que prodigaliza às criaturas, com vontade plenamente livre, “criou simultaneamente no início do tempo ambas as criaturas do nada: a espiritual e a corporal, ou seja, os anjos e o mundo; e em seguida a humana, constituída de espírito e corpo” (Sessão III, Constituição Dogmática “Dei Filius”, cap. I).
Aqui não parece haver espaço algum para crer que tenha ocorrido a evolução. Claro que Deus com sua Providência poderia ter disposto as criaturas animadas para evoluir, mas não é o que parece.
Alguns podem até objetar invocando a concessão dada por Pio XII na Humani Generis. Essa concessão é meramente investigativa como se lê claro:
Por isso o magistério da Igreja não proíbe que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo humano em matéria viva preexistente (pois a fé nos obriga a reter que as almas são diretamente criadas por Deus), segundo o estágio atual das ciências humanas e da sagrada teologia, de modo que as razões de uma e outra opinião, isto é, dos que defendem ou impugnam tal doutrina, sejam ponderadas e julgadas com a devida gravidade, moderação e comedimento, contanto que todos estejam dispostos a obedecer ao ditame da Igreja, a quem Cristo conferiu o encargo de interpretar autenticamente as Sagradas Escrituras e de defender os dogmas da fé (n. 36).
Todavia há de pensar que devemos procurar saber como o papa pensou. O fim é meramente investigativo e quem trata disso deve submeter-se aos ditames da Igreja. Tanto que completou o parágrafo de forma severa acrescentando o seguinte:
Porém, certas pessoas, ultrapassam com temerária audácia essa liberdade de discussão, agindo como se a própria origem do corpo humano a partir de matéria viva preexistente fosse já certa e absolutamente demonstrada pelos indícios até agora achados e pelos raciocínios neles baseados, e como se nada houvesse nas fontes da revelação que exigisse a máxima moderação e cautela nessa matéria.
Logo, há aqui mera concessão investigativa. No parágrafo seguinte, o Papa proíbe a discussão sobre o poligenismo. Aqui complica a situação dos evolucionistas porque terão de aceitar dois indivíduos de sexos diferentes surgindo de primatas e bem próximos. Fora que ambos teriam de saber a linguagem e mesmo as artes necessárias para a sobrevivência. Ou seja, teriam de ser seres humanos já nascidos com ciência infusa.
CONCLUSÕES
Aqui concluímos que a teoria da evolução é destrutiva humana e espiritualmente falando. Abre espaço para a corrupção moral e social, nos encaminha para tiranias, nos emburrece por sua antimetafísica e nos força a negar toda a narrativa do Gênesis. É absolutamente ilógica e negar essa teoria nos fará nos aproximar mais de Deus.
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