Padre Nicolás Despósito, R.C.I.
2015
Uma das objeções mais comuns aos que afirmam que a Sé de Pedro está formalmente vacante desde a morte de Pio XII é que a visibilidade da Igreja exige que haja um papa e uma hierarquia atual. Eles entendem que, sem um papa e uma hierarquia em ato, a própria Igreja deixaria de ser visível.
Não é minha intenção escrever uma resposta em nível acadêmico. Este é um blog. Mas gostaria de informar aos leitores qual é a resposta que oferecemos a essa objeção.
Alguns esclarecimentos preliminares.
Em primeiro lugar, a visibilidade da Igreja não é salva por um papa e uma hierarquia heréticos. Muito pelo contrário! Nada destruiria mais a visibilidade da Igreja do que a possibilidade de ter um papa e sua hierarquia ensinando o erro universalmente.
Em segundo lugar, é preciso lembrar que a Igreja Católica é um ente moral, não um ente físico. Para que um ente físico seja visível, é necessário que este seja composto por um corpo físico. Entretanto, um ente moral só pode ter visibilidade moral. Essa distinção é importante. Lembremo-nos também de que a Igreja Católica é o Corpo Místico de Cristo. Tudo isso é dito de maneira analógica.
Em terceiro lugar, a Igreja nos deu a diretiva para entender a questão da visibilidade. A Igreja Católica é visível e reconhecível pelas notas que possui e que a distinguem de outras sociedades religiosas. Essas notas são: unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade.
A seguir, listarei os pontos de nossa resposta.
1) A Igreja Católica não pode mudar em seus componentes essenciais.
2) O Concílio Vaticano II ensina uma nova religião, portanto não é e não representa a Igreja Católica.
3) A Sé de Pedro está materialmente ocupada, pois os cardeais elegeram Jorge Bergoglio.
4) A Sé de Pedro encontra-se formalmente vacante, pois o designado Bergoglio impõe um obstáculo voluntário à autoridade (o obstáculo é sua intenção de ensinar as doutrinas heréticas do Vaticano II à Igreja universal).
5) A apostolicidade da Igreja depende da sucessão apostólica da Sé de Pedro.
6) A apostolicidade da Igreja (da qual depende a visibilidade) está intacta, pois a Igreja não perdeu o poder de designar sucessores de Pedro.
7) A vacância formal da Sé de Pedro não muda de modo algum a natureza da Igreja.
8) A visibilidade da Igreja não é prejudicada, pois a vacância formal da Sé de Pedro não altera nenhuma das notas da Igreja.
9) Onde está a Igreja? Se considerarmos a Igreja como uma congregatio fidelium (congregação dos fiéis), esta se encontra nos fiéis católicos que rejeitam a nova religião do Vaticano II e a hierarquia modernista. Se considerarmos apenas a estrutura material/legal, esse elemento está nas mãos dos usurpadores modernistas. O elemento formal (autoridade) pode ser encontrado hoje em Cristo, como sempre ocorre quando a Sé está vacante. Lembremo-nos de que a Igreja é um ente moral.
10) Os cardeais podem preservar o poder de designação apesar de sua heresia, pois a faculdade de eleição é essencialmente diferente da faculdade de jurisdição. Somente um ato legal pode lhes tirar o poder de designação.
A resposta à objeção da visibilidade é simples. A Igreja permanece visível mesmo que não haja um papa por muitos anos. A chave é não reduzir a visibilidade da Igreja à maneira como era sob o Papa Pio XII. É claro que o estado atual da Igreja é imperfeito — não temos papa! Mas daí a concluir que a Igreja desapareceu há um longo caminho.
Cristo não prometeu papas perpétuos, mas um papado perpétuo. Nas centenas de vezes em que a Sé ficou vacante, o papado não sofreu em nada. Em resumo: enquanto houver eleitores do sucessor de Pedro, haverá sucessores de Pedro. Mas a visibilidade da Igreja depende do fato de haver sucessores de Pedro. Portanto, enquanto houver eleitores do sucessor de Pedro, a visibilidade será preservada.
Trad. por Dominicus, de: https://symbolumblog.com/2015/07/31/visibilidad-de-la-iglesia/

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