SE TODOS OS SANTOS QUE SÃO CANONIZADOS PELA IGREJA ESTÃO NA GLÓRIA OU SE ALGUNS DELES ESTÃO NO INFERNO

S. Tomás de Aquino, O.P.
1256-1259

[Digo que] algo pode ser julgado possível considerado secundum se, o qual, por sua vez, é considerado impossível em relação a algo extrínseco. Por conseguinte, digo que é possível que o juízo daqueles que estão à frente da Igreja erre em qualquer questão, se forem consideradas somente as suas pessoas. Porém, se se considerar a Providência Divina, que dirige a sua Igreja pelo Espírito Santo de modo a que ela não erre — tal como Ele (Cristo) prometeu em João XVI, 13, que o Espírito que viria ensinaria toda a verdade, a saber, quanto às coisas necessárias para a salvação —, é certo que é impossível que o juízo da Igreja universal erre nestas coisas que pertencem à fé. Portanto, a sentença do papa, a quem compete determinar acerca da fé, que ele profere em juízo, deve prevalecer sobre a opinião de quaisquer sábios em seus escritos, haja vista que Caifás, embora iníquo, ainda é lido, sendo ele o pontífice, como tendo profetizado sem saber, em João XI, 51. Enquanto que noutras sentenças, que dizem respeito a fatos particulares, como as que se referem a posses ou a crimes ou a coisas desta sorte, é possível que o juízo da Igreja erre em razão de falsos testemunhos.

A canonização dos santos, com efeito, é um intermédio entre esses dois. Como, no entanto, a honra que prestamos aos santos é uma certa profissão de fé, pela qual cremos na glória dos santos, deve-se acreditar piedosamente que o juízo da Igreja não pode errar nem mesmo nestes casos.

Trad. por Dominicus. De: Quodlibet IX, q. 8, a. único, corpus.

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