Mons. Antônio de Castro Mayer
1986
Quando foram distribuídos, entre os Padres Conciliares, os primeiros esquemas do Segundo Concílio do Vaticano, interpelaram-me: – “V. Sa. acha que, para isso, seria preciso reunir um concílio?” A razão da pergunta é que os esquemas não apresentavam nenhuma novidade.
De fato, a realidade do Segundo Concílio do Vaticano não era o que aparecia. E sim, seus subterrâneos.
Sob uma aparência tradicional, assegurada pela presença dos Srs. Cardeais Ottaviani, Bacci, Ruffini, Brawne e outros, operava o Cardeal Bea, porta-voz das Bnai-Brith judias e demais maçônicos, convencidos de que era o momento de ultimar a obra de destruição da Igreja Católica, implodindo-a sobre si mesma.
Estruturou-se, assim, um concílio sui-generis, sem discussão: os oradores sucediam-se ininterruptamente, uns aos outros, vasando na assembléia o de que nutriam seus espíritos. Não havia nexo entre as várias intervenções. Quem as quisesse contestar, deveria inscrever-se na lista dos postulantes da palavra, e aguardar a sua vez, que poderia ocorrer vários dias depois.
De maneira que, no Segundo Concílio do Vaticano, quem fazia tudo eram as comissões. E com tal sobranceria que, logo de início, a mesa de presidência jogou fora os esquemas propostos pela comissão preparatória, autorizada pela Santa Sé, ou seja, pelo Papa, a quem, aliás, como chefe supremo da Igreja e Vigário de Jesus Cristo, assiste o direito de propor a matéria a ser tratada nos concílios e a maneira como fazê-lo.
Eis que o Segundo Concílio do Vaticano constitui-se numa anti-Igreja.
Dogma fundamental da Igreja Católica é sua necessidade para a sal-vação. Não têm os homens liberdade de escolher sua religião, sua Igreja, conforme seu agrado, ou persuasão. Sob pena de condenação eterna, devem ingressar na Igreja Católica Romana. Ora, o Vaticano II, neste ponto, fixa, como doutrina inconteste, precisamente o contrário: todo homem tem liberdade visceral de aderir à religião de sua preferência.
Posta esta antítese, neste ponto básico, necessariamente, sobre ele vão se construir edifícios antitéticos. – Por isso, dizemos que o Vaticano II firmou-se como a anti-Igreja. Consequência: quem adere ao Vaticano II, sem restrição, só por esse fato, desliga-se da verdadeira Igreja de Cristo. Ninguém pode, ao mesmo tempo ser católico e subscrever tudo quanto estabeleceu o Concílio Vaticano II. Diríamos que a melhor maneira de abandonar a Igreja de Cristo, Católica Apostólica Romana, é aceitar, sem reservas o que ensinou e propôs o Concílio Vaticano II. Ele é a anti-Igreja.
Excerto de: O pensamento de Dom Antônio de Castro Mayer: compilação de artigos entre 1972 e 1989, Permanência, 2010, pp. 17-18. Heri et Hodie, nº 33, setembro de 1986; Revista Permanência, nº 218-219, janeiro-fevereiro de 1987.
Deixe um comentário